Bom, vamos lá! Eu ia me abster de mais comentários, além do que já publiquei ontem à noite, no Instagram e no Facebook.
Porém, estou recebendo muitas mensagens, inbox, etc, etc, questionando mais palavras acerca das minhas percepções. Principalmente após sair a matéria do meu querido Jairo Marques, sobre o assunto, antes da aparição relâmpago do exoesqueleto. (Pra quem não leu, aqui vai o link http://http://assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br/2014/06/11/1824/ )
Vejam bem, eu não sou contra a ciência, pelo amor de Deus! Pelo contrário! Eu espero, desejo, anseio que as pesquisas avancem para que eu e todos os outros cadeirantes possamos andar e recobrar outras funções, “bagunçadas” pela lesão medular. Afinal, não é só não andar. E eu já falei muito sobre isso em posts passados. São dores, funções neurológicas perdidas, e muito mais.
Porém, não acredito que o exoesqueleto vá fazer algum de nós voltar a andar. Muito menos ter a sensibilidade reestabelecida (pra não se queimar na areia quente ou no chuveiro quente, nem congelar no mar gelado, nem sentar em algo que nos machuque e cause feridas de pressão).Sem pensar em nossos nervos, tendões, articulações, ossos, músculos e tudo mais envolvido no simples ato de andar. Não é uma coisa motora apenas.
E vamos e convenhamos, Fifa, Dilma, Copa do Mundo e seja la quem mais for o responsável pela aparição do exoesqueleto na abertura da Copa. Foram R$33 milhões de dinheiro público gastos na pesquisa, milhares de cadeirantes, familiares e pessoas ao redor do mundo, esperando os 25metros que o cadeirante iria andar, e esperando o chute inicial da Copa. Fomos reduzidos a 2 segundos de aparição, quando o Juliano Alves encostou na bola, no canto do gramado, enquanto a tela era dividida com o ônibus da Seleção chegando. Falta de respeito e consideração com todos nós e com a pesquisa! Pra depois o Galvão Bueno falar aquele monte de coisas que eu denomino como “sem comentários”, porque tenho classe e não quero escrever aqui tudo que eu pensei na hora!Galvão, então…Ninguém ta preso, não! Cadeira de rodas não é cadeia!
Disseram que o exoesqueleto era muito pesado e iria estragar a grama do jogo…uhum! E aquela bola psicodélica/pseudo-palco pesa quanto? 20kg? Até o derrière segurado de J-lo pesa menos que nosso robocop! Mas a gente podia ficar lá no cantinho! Em entrevista à TV, Nicolelis, falou sobre o tempo reservado pra eles: “A Fifa nos informou que nós teríamos 29 segundos para realizar um experimento dificílimo. Nunca ninguém fez uma demonstração em 29
segundos de robótica. Isso não existe em lugar nenhum do mundo. Foi um esforço dramático de todas essas pessoas que estão aqui. E nós realizamos em 16. Pelo visto, a Fifa não estava preparada para filmar um experimento que vai ser histórico”. Dos 16 segundos, só apareceram 2 na TV. Apesar do peso todo, ele foi mais rápido que o The Flash.
Li um comentário na Internet (porque ontem esse trem bombou e eu que estou atrasada escrevendo só hoje, porque precisava me acalmar), e concordo plenamente com a pessoa que disse que quando seu filho ficar doente e precisar de vacina, são os cientistas e as pesquisas que começaram ha anos atrás, que desenvolveram o remédio e a vacina que ele vai tomar pra ficar bom, não os jogadores que ganham milhões (com todo respeito aos meninos)
Eu estava bem descrente do exoesqueleto (o “estava” não quer dizer que mudei de ideia e to apaixonada por ele) Vi uns vídeos que Nicolelis publicou ontem na página dele no Facebook. O pessoal suspenso pelo elevador, sendo segurado pelas mãos por outros cientistas, com os pés mal tocando o chão. Tentei falar com o Juliano Alves, nosso amigo cadeirante que fez a demonstração ontem. Mas eu mandei mensagem em cima da hora. Queria saber a sensação de carregar aquele trem todo. Será que dói o bumbum pra sentar e descansar (minha pressão vai la no dedão do pé quando eu levanto. Eu preciso sentar e descansar)? E, convenhamos, como você entra com aquilo no carro? Se tem cadeira de rodas que não passa na porta do banheiro, como eu entro (e uso) o banheiro com aquele trem todo? Apostar corrida ta fora de cogitação, né?
Conversei com o Gustavo Pamplona, um amigo meu (eu nem ia colocar o sobrenome aqui. Queria preservar o sossego do menino) Pesquisador da USP, na área de Neurociências (Física aplicada à Medicina). Ele comparou o exoesqueleto a um computador. O primeiro computador é de 1946 e pesava 3 toneladas. Ele fazia apenas o que uma calculadora comum faz hoje (daquelas do 1,99). Quase 70 anos depois, carregamos nosso computador na palma da mão. A pesquisa do Nicolelis é um protótipo. Especulando, com o passar do tempo pode ficar menor, mais leve. Muita pesquisa pode ser feita, o processamento dos sinais do cérebro e a comunicação com a parte metálica, poderá ser melhor e mais rápida. É uma questão de tempo e pesquisa. Na opinião dele, é uma pesquisa promissora e original. Ele me pediu um pouco mais de paciência.
Sem dúvidas, o Nicolelis deu a cara pro mundo bater. Pelo menos ele é corajoso.
Claro que esse Homem de Ferro que não voa (que pena!) vai demorar anos pra sair do laboratório. Será que nós estaremos vivos a ponto de ver isso? A ponto de ver um Robocop funcional e funcionando, nos auxiliando nas tarefas do dia a dia? Outras pesquisas tem sido feitas (e foram divulgadas na internet semanas atrás), como o uso de eletrodos. E ainda tem as células-tronco. A tecnologia avança. Muito mais rápido hoje do que há anos atrás. Talvez juntando uma descoberta de um, com a tecnologia do outros as coisas melhorem pro lado dos malacabados e realmente avancem na solução do problema como um todo, não em partes dele.
O fato é que eu não quero ser um Robocop. E você? Espero que a gente não precise optar por isso. Ser ou não ser? Essa é sempre a questão!
–sabe Dani, tenho 20 anos sentada nessa bagaça (linda atualmente, vermelha verniz), mas a possibilidade de ter mais mobilidade me anima, embora com meus quase 30 ache meio dificultoso que eu vá me beneficiar ainda da tecnologia como um novo modo de andar… Quanto a células tronco, ouço falar há 15 anos já… Entre a angústia de não saber se viverei pra sempre “presa na cadeira, né Galvão”… e a esperança de saber que outros não viverão no futuro meu coração dá alguns pulinhos de emoção…
Bom texto, opinião sóbria e inteligente
Liliane, vamos aguardar, amiga…bjss
Eu fico feliz com o progresso da ciência,e estou aqui com fé e torcendo ,orando por enquanto eu confio muito mesmo no exercício físico .boa alimentação…….
Um dia vai dar certo!
Sobre o olhar cético eu entendo,só acho que isso tudo deve seguir em estudos e não servir de espetáculo como fizeram na abertura da Copa.
Boa tarde. Eu entendo sua aparente frustração com oq foi visto, mas acredito que vc deve entender que isso é apenas o início de tudo, não entende? Como vc diz no seu texto, a ciência avança e avança cada vez mais rápido. Como seu amigo bem lembrou, o primeiro computador era gigantesco e incomparavelmente menos potente do que computadores que hoje cabem na nossa mão.
Eu entendo que oq foi visto pode parecer frustrante, mas considero ainda mais frustrante uma pessoa que poderá ser diretamente beneficiada pelas evoluções dessa nova tecnologia minimizar o tamanho dessa conquista, nunca antes vista, usando termos como robocop e homem de ferro que não voa de forma pejorativa, como se o exoesqueleto fosse algo totalmente anedótico.
Diversas vítimas de diversas doenças, como a varíola por exemplo, morreram antes de existir uma vacina… foram pessoas que se quer tiveram a esperança que os cadeirantes de hoje tem com esse novo avanço. Sabemos que a ciência avança cada vez mais rápido, mas tudo ainda leva um determinado tempo. Hoje, um paraplégico consegue chutar uma bola equipado com um “trambolho” (como vc definiu), daqui a uma ou duas décadas esse “trambolho” terá uma mobilidade bem maior do que vimos hoje e, mais para frente, quem sabe, esse “trambolho” resuma-se a eletrodos no cérebro e nos nervos e músculos afetados?
Sei que pode ter sido frustrante, mas ninguém prometeu nada perfeito para essa apresentação… foi prometido que um paraplégico daria um chute em uma bola, e foi cumprido. E cá entre nós, quem é que um dia imaginou que um paraplégico conseguiria chutar uma bola? Também sei que vc queria ver bem mais do que isso e queria que todos os cadeirantes pudessem ser imediatamente beneficiados e com um equipamento bem melhor do que o apresentado (eu também queria), mas diminuir oq foi alcançado não vai ajudar em nada…
Dê tempo ao tempo… espero sinceramente que vc esteja aqui quando essa nova tecnologia estiver bem mais desenvolvida e que vc seja diretamente beneficiada.
Daniel, respeito e agradeço sua opinião e sinto por vc não entender meu humor! bjss
Olá, tudo bom?
Li seu texto e compreendo todos seus pontos de vista, sendo que os respeito plenamente. Estou escrevendo apenas para dar algumas de minhas impressões (que dou-lhe o direito de considerar completamente irrelevantes).
– Existe uma tendência de que tente-se compreender o outro a partir de reduções. Vemos assim os árabes (como se todos fossem muçulmanos), os estadunidenses (como se todos fossem arrogantes), os argentinos (como se todos fossem porteños).. e todos os cadeirantes, que são chamados de inválidos (termo que acho asqueroso). Parabenizo por seu blog, é muito interessante notar que a vida segue e acredito que muitos cadeirantes têm uma vida bem mais interessante e cheia de possibilidades do que os que andam (eu, por exemplo).
– A tecnologia do Nicolelis é inovadora, mas não é original. Outros pesquisadores estão tentando al experimento.É interessante por propor que a mente humana controle uma máquina, embora destaque-se que concordo contigo quando apenas vislumbramos o que está por vir, não o que temos hoje. E vai demorar para que tenha-se acesso a essa tecnologia, como já foi amplamente debatido aqui e discussão que considero desnecessário prolongar.
– Contudo, observe-se: a mente humana pode se tornar capaz de controlar máquinas a partir de suas mentes. Claro que o foco é fazer cadeirantes voltarem a ter mobilidade, mas as implicações de tal descoberto, de tal tecnologia, são por si só fantásticas, pelo menos no meu entender.
Agradeço o tempo e espero não ter te feito perder tempo lendo minhas considerações.
Abraços!
Gustavo
Gustavo, muito obrigada pelas contribuições! Saber a opinião do outro, independente de concordar ou não, é sempre importante e interessante! bjss
Oi! Adorei seu post e concordo com muito que você disse. Esse “robocop” não parece ser muito tentador, comparado com outras pesquisas, como as de células tronco, para quem tem lesão medular.
Porém, fico pensando nas muitas pessoas não possuem os membros. A quantidade de diabéticos que perdem as pernas, por exemplo, é alarmante. Apesar de estar muito longe de ser alcançada, essa tecnologia poderia levar à próteses comandadas pela mente o que, na minha opinião, seria genial! Torço muito por esse projeto, a possibilidade de comandar uma maquina com a mente é um grande passo na ciência.
Abraço
…Nossa…me admiro com seu Dom de escrever….me prende…(e é muito difícil eu conseguir me concentrar lendo num computador)…me decepcionei tb com o tempo que foi disponibilizado…só assistir a abertura para ver o chute inicial…e nada…na band, nem 2 segundos apareceram….mas enfim…o que importa não é o tempo que não foi dado naquele momento….e sim mostrar para a população do que brasileiros são capazes de fazer….afinal…se não fosse a copa…muitos não saberiam desse estudo….
Carolina, muito obrigada pelo elogio!!
Muito legais as iiedas premiadas e acho que esse preamio e9 muito importante para incentivar o uso da inovae7e3o em micro e pequenas empresas. Assim, elas tambe9m tere3o a possibilidade de crescer e de ajudar a mudar o mundo com os seus servie7os e produtos.