Lilás. Uma cor pra qual eu nunca liguei muito. Até hoje! Pintamos o Parque do Ibirapuera num momento lindo e inédito: a Corrida Movimento Pela Mulher.
Pra quem não sabe de onde saiu essa ideia, vou fazer um resumão.
O Corra Pela Vida nasceu de uma iniciativa de 3 amigas, Debs, Paula Narvaez e Gabi Manssur, que se conheceram por conta da corrida, com o objetivo de despertar a importância da prática esportiva como forma de empoderar as mulheres física e psicologicamente para enfrentarem os obstáculos da nova vida que conquistaram com o fim do ciclo de violência. O slogan (que eu prefiro chamar de lema, ou ideia) é: “Mulher de verdade não aceita violência”. O Corra Pela Vida era um treinão livre, para corredoras de todas as distâncias e velocidades. Porém, conseguia apenas a participação de um número limitado de pessoas.
Depois de 3 treinões Corra pela Vida, que foram sucesso no ano passado, as meninas decidiram que queriam alcançar mais pessoas e ajudar mais mulheres. A partir do trabalho da Gabi, no Ministério Público, defendendo mulheres que sofrem violência, surgiu a ideia de fazer uma corrida e ajudar ONGs que apoiam essas mulheres que precisam de ajuda. Além disso, a ideia é mostrar que a mulher, através da corrida, pode se sentir empoderada para se defender e encontrar apoio e recuperar a auto estima, caso e quando precise. Afinal #NenhumaMulherMereceViolencia . Essa virou a hashtag oficial da corrida e desse movimento maravilhoso.
E enfim, chegou o grande dia, do sonho dessas minhas 3 amigas virar realidade e de, todos juntos (sim, tinha muitos meninos) corrermos pela causa. A Latin Sports preparou uma estrutura top, o kit estava lindo, a medalha idem e, segundo as meninas, foi mais gente do que elas esperavam pra primeira prova.
E vocês estão achando que eu só ia contar detalhes técnicos e deixar de lado a minha saga com a handbike nessa prova? Nana nina não! Meu problema, preocupação, ou chamem do que quiserem porque foi de arrancar os cabelos, começou no sábado à tarde. Eu estava na retirada do kit, feliz e contente com a Gabi e a Neide (do Vida Corrida), quando comecei a tentar ligar pro moço que ia levar minha handbike pra prova. Ele faz pequenos carretos e combinamos na sexta-feira que ele faria o trabalho logo cedo. Mas, o moço sumiu! Não atendia o celular e foi me dando desespero. Umas 4 horas depois, quando eu já não tinha unha nos dedos, consegui falar com ele, que estava em Praia Grande e “nem rola de ir” me levar. Ai Gizuis! Sorte a minha que eu tinha falado pros meus amigos, lá na retirada do kit, que não conseguia falar com o moço e ia começar a procurar outra pessoa. O Corretor Corredor postou no facebook que eu estava precisando de ajuda, alguns amigos compartilharam e o Sidney, que nunca tinha me visto na vida, pegou uma fiorino empresatada pra poder me levar! Um anjo que caiu na minha vida!
Domingo de manhã, tudo lindo e certo, exceto pelo banco da handbike que estava ensopado, porque ela tomou chuva, mas pula essa parte. Eu e o Sidney partimos adiantados para o Ibira e ainda passamos no posto pra encher os pneus da hand. Chegamos lá, logo o Fabio da Latin me viu, veio pegar a hand e levar pra largada, eu arrumei o apoio de pe, arrumei a mochila de hidratação, as luvas, preguei o número no FlipBelt. E estava milagrosamente muito adiantada! Fui procurar as meninas, beijar e abraçar muito a Debs, num abraço de urso de 15minutos, tirar mil fotos e, faltando 20min pra largada, resolvi aquecer. O Corretor Corredor foi me ajudar a me posicionar na hand. Quando fui sentar, percebi que a corrente estava com folga e que o pedal não girava. Fui olhar e, no transporte (ou no busão de Ribeirão pra Sp ou da rodoviária até a casa da Selminha, que me hospedou) a corrente ficou presa entre a catraca e o parafuso que segura a roda. Eu, sozinha, com esses dedos moles, me melequei toda de graxa e não consegui tirar. O Corretor tentou, mas também não consegui. Gente, vieram os bombeiros que ficam ali na largada pra tirar! Tentamos de tudo, tiramos a roda da frente e a corrente saiu. Eles recolocaram no lugar, testamos as marchas, estava passando, graças a Deus. Porém, eu não consegui aquecer. Num dia frio, eu parecendo um aipo cozido, e não deu tempo de aquecer. Tudo bem. Sentei na hand, me arrumei. O pessoal da Latin aguardou meu ok pra largar!
Fui! Pedalei uns 100m e vi que meu guidão estava torto pra direita! Pois é. Já tive que parar pra soltar a trava e desentortar. Bóra! Aí, eu tava mole, me sentindo lenta e tentando me acostumar com a nova relação da hand. Quem me acompanha sabe que o câmbio quebra em toda santa prova, então eu troquei. Mas ainda não tinha testado na rua. Não sabia nem o que eu estava fazendo.
Enfim, passou o primeiro km sem eu ver. Eu só via o moço da moto na minha frente (que me acompanhou a prova inteira). Mas, minha alegria acabou na placa de 1km. Porque logo tinha uma subida de quase 1km do pico do Everest. Eu só olhei praquilo e lembrei que era o mesmo percurso da prova Eu Atleta, de quando eu ganhei a hand, em junho. E eu não tinha conseguido fazer nenhuma subida daquela prova. Mas, meses depois, eis que eu morri, mas fiz a subida sozinha! Fui tão lesma morta que logo os primeiros colocados da prova começaram a me alcançar e me passar. Depois veio uma reta e uma descida e eu dei uma descansada, lembrando que se eu desci pra ir, ia ter subida pra voltar.
A coisa mais incrível do pessoal me alcançar e correr do meu lado é que todo mundo me grita! E eu amo issooo!!! Porque quando meus braços estão moídos e querendo me sabotar, vem alguém que me grita, me motiva e eu mando os braços calarem a boca (como se tivessem kkkk) e me deixarem pedalar mais e mais, até acabar a prova! 🙂 Na subida, isso é mágico!
E lá fui eu, subindo lentamente, disparando nas retas e parando no meio das descidas pra colocar a corrente na hand. Pois é, a corrente saiu 3 vezes, bem na minha frente, na coroa. Chicoteava na minha perna e eu tinha que parar pra recolocar. Perdi tempo com isso e machuquei a mão. Mas, vambora!
Fiquei mesmo feliz por ter tido força de fazer todas as subidas, apesar da lerdeza. E quase atrolei mil pessoas quando alcancei o pessoal dos 5km e da caminhada, que retornava antes da metade do percurso. Quando eu comecei a gritar “Com licença, por favor”, meu motoqueiro guardião foi buzinando na minha frente, pra tentar liberar espaço. Verdade seja dita, tinha gente que ficava brava com ele. E tinha gente que não saía da frente, ou porque não queria ou porque estava com a música tão alta que não ouvia a moto buzinando há 2 metros de distância! Eu quase bati na moto umas 3 vezes por causa disso. E quase atropelei muita gente muitas vezes. Quase capotei uma vez, pra desviar das pessoas e do posto de hidratação. E acabei perdendo muito, muito tempo freando tantas vezes. Mas o importante é que não houve acidentes.
Quando eu achei que faltavam uns 500m pra terminar, ainda tinha mais um retorno pros 10km! kkkkk Só eu mesma! Mas meu velocímetro ta desregulado, então eu não levei. E o celular, com o Strava, tava dentro do FlipBelt. Eu não tinha a menor ideia de quantos km faltavam, porque não olhei as placas olhando pras pessoas. E essa foi minha primeira prova de 10km, desde que ganhei a hand, Nessa hora, pensando nisso, o asfalto ficou um pouco ruim e eu comecei a quicar. Mas logo, eu estava avistando o lago do Ibira de novo, e quase atropelando mais meninas, pois a linha de chegada estava bem na nossa frente!
Assim que terminei, apareceram muitos amigos. A Fer Baslter, o Fausto (meu professor da academia) com a noiva linda Regiane, a Juliana, o Corretor… muita gente! Logo ganhei um abração da Yara Achoa. E começou a sessão de fotos. Daí pra frente, foi mais festa. E só festa. Que prova incrível! Que clima delicioso! Muitos abraços na Debs, na Gabi, na Paula, na filha linda dele e no pai dela, no casal do Frango com Batata Doce do instagram, na Gi do Divas que Correm, na Ivonete, na Ju Veras, na Dani Barcelos, no Colucci… gente, a lista não tinha fim! Como eu amo correr em São Paulo e ver tantos amigos! E também amei conhecer tantas pessoas que me seguem e me apoiam, que me motivam com seus comentários todos os dias! Foi bom demais receber tanto carinho!
Um dos momentos mais emocionantes da prova foi quando as meninas (Debs, Paula e Gabi) entregaram os cheques de doações às ONGs beneficiadas pela corrida. Se você quiser saber quais são as ONGs e quiser ajudar, acesse o site do Movimento Pela Mulher -> http://movimentopelamulher.com.br/
Às meninas de ouro da prova, só tenho mil parabéns pra dar, pela iniciativa e pela prova linda. Muito obrigada pelo carinho comigo, pelo convite em participar, pelo amor de todos os dias. À Latin Sports, muito obrigada pelo carinho desde minha inscrição, até a permissão da entrada do carro pra descarregar a hand pertinho da largada, pelo apoio do motoqueiro, pelo cuidado com a hand, o cuidado de todas e a recepção sempre alegre. À todos que me gritaram e me motivaram durante a prova, muuuito obrigada pelo carinho! A quem tirou foto comigo: me manda, pra eu colocar no face!!
A todos os deficientes, tenho um convite a fazer: seja você cadeirante, muletante, cego, amputado com prótese..Venham correr conosco no ano que vem! A organização fará a categoria pra nós e estão muito abertos a nos receber nessa festa linda, com causa tão nobre!
A todas as pessoas que estiveram presentes, nosso muito obrigada, por tornar essa corrida um sucesso e permitir que tantas ONGs e tantas mulheres possam ser ajudadas. Pra mim, como mulher, e como mulher que já sofreu violência, correr pela causa foi simplesmente sensacional!
E ano que vem, tem mais! Muito mais!
As fotos serão postadas no face essa semana, conforme eu for recebendo!!
Linda Dani! Parabéns por mais uma corrida em sua vida com muitas emoções e aprendizados! Amei te ver, fico até sem jeito e sem saber o que falar para uma pessoa que admiro tanto!
Tomara que você venha sempre para São Paulo!