Dani Nobile

Esporte Adaptado: Tênis de mesa

Depois de um enorme sumiço, cá estou eu novamente! É, quem pensa que a vida no Sarah é enfadonha está muito enganado! (pelo menos pra mim não está sendo!).

Quem me acompanha sabe que eu tive alta do Sarah Centro (onde ficamos internados) e estou em tratamento agora no Sarah Lago Norte (onde não há internação). Estou contando com a hospitalidade, carinho e generosidade de uma amiga e sua família (vocês vão conhecê-la melhor jaja). Para estar no Sarah Lago Norte 9h, eu acordo 6h (por uma questão de transporte do próprio Sarah) e quando são 21h eu já não paro sentada (visto que não dá pra eu parar em pé há alguns meses…).

Aqui em Brasília estou conhecendo vários esportes. Um deles foi o tênis de mesa. Quando eu era aborrescente, estava na 8ª série (hoje 9º ano) eu jogava ping-pong com os amigos, na hora do recreio. Mas isso faz muitos anos e eu nem me lembrava como segurar na raquete! Um belo dia, um amigo meu cadeirante, o Yugo, me convidou pra assistir o treino dele de tênis de mesa. Achei o máximo ir, porque achava (coitada de mim) que eu ainda sabia jogar. Lá fui eu, ver o treino e quase me escondi atrás de um pilar quando cheguei! Vários andantes e o Yugo cadeirante, treinando de um jeito que eu nunca tinha visto. Quando houve um momento propício, eu e outro amigo andante, pegamos as raquetes e começamos a brincar de bater bola na mesa. Eu tava achando fácil, o Yugo me ensinou onde posicionar a cadeira e estava na maior paciência do mundo, disfarçando, falando que eu estava jogando bem. Fui embora contente.

Na semana seguinte, eu tinha aula de tênis de mesa no Sarah! Achei que eu não teria dificuldade alguma. Até o professor começar a me ensinar direito! Eu pegava várias bolas, mas acertava todos os lugares da sala, menos a mesa do adversário! Até fui melhorando e fiz mais uma ou duas aulas. Até o professor dizer que eu preciso de paciência e concentração (alguém avisa pra ele que eu não tenho essas duas sobrando, mas faltando).
Ele me explicou várias coisas do tênis de mesa, regras, deu dicas…Mas aquilo não é pra mim, definitivamente!

Então, me resta torcer pra quem leva jeito! E quem leva é minha amiga hospitaleira Carla Maia! Carla é treta como eu, mas tem uma lesão mais alta que a minha e tem menos movimento que eu. Mas na mesa de tênis ela vira uma gigante! Eu me sinto uma formiguinha perto dela.

E pensar que o tênis de mesa entrou por acaso na vida dela. O treinador olhou pra ela (ela nunca tinha treinado!) e perguntou se ela gostaria de participar de um campeonato que aconteceria em alguns meses. Ela disse: “Se você conseguir me inscrever, eu começo a treinar”. Ela pensou que ele nunca mais ligaria pra ela! Em uma semana ele ligou e disse: “Pode vir treinar. Você está inscrita”. E ela arrasou! Como sempre, em tudo que ela faz na vida!

Nesse final de semana, Carlinha participaria da Copa Brasil de Tênis de Mesa. Claro que ela se inscreveu para os jogos Paralímpicos, na categoria dela. Mas Carla participará de um campeonato importante na Itália. Então, ela resolveu se inscrever no campeonato Olímpico (sim, com as andantes) “só pra treinar pra Itália”. O “só pra treinar” rendeu a ela a medalha de outro nos Paralímpicos, a medalha de bronze nos Olímpicos (sim, ela ganhou de várias andantes!) e o Troféu Eficiência.

Vendo Carla jogar, aprendi muito! A forma correta de sacar, como devolver uma bola. Claro que ela tem anos de técnica de jogo, mas ela deu um baile em muitas meninas.

Fiquei curiosa pra saber a idade do tênis de mesa como esporte paralímpico. E até que ele é bem velhinho! A modalidade começou em 1995, com a fundação do Comitê Paralímpico Brasileiro.

O tênis de mesa é um dos mais tradicionais esportes paralímpicos, disputado desde os Jogos de Roma tanto no masculino quanto no feminino. Todas as edições dos Jogos Paralímpicos tiveram disputas da modalidade.

No tênis de mesa participam atletas do sexo masculino e feminino com paralisia cerebral, amputados e cadeirantes. As competições são divididas entre atletas andantes e cadeirantes. Os jogos podem ser individuais, em duplas ou por equipes. As partidas consistem em uma melhor de cinco sets, sendo que cada um deles é disputado até que um dos jogadores atinja 11 pontos. Em caso de empate em 10 a 10, vence quem primeiro abrir dois pontos de vantagem. A raquete pode ser amarrada na mão do atleta para facilitar o jogo. A instituição responsável pela modalidade é a Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF). Em relação ao tênis de mesa convencional existem apenas algumas diferenças nas regras, como na hora do saque para a categoria cadeirante. No Brasil, a modalidade é organizada pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM). (http://www.cpb.org.br/modalidades/tenis-de-mesa/).

É meus amigos, Carla e Zé, um dos treinadores dela, queriam aproveitar a oportunidade e a presença do classificador funcional ali, pra saber a minha classificação no tênis de mesa. Mas eu pensei que fosse brincadeira e perdi minha chance! Se bem que eu não levo o menor jeito! Então, creio que vocês não me verão nas mesas, segurando a raquete! Já que é assim, torçam pra Carlinha conseguir a vaga delas nas Paralimpíadas 2016. Assim vocês terão a chance de ver como se joga o tênis de mesa de verdade, com o coração e sorriso no rosto!

Texto originalmente postado no blog Mãos pelos pés, no Running News