Dani Nobile

It’s Runderful! Mizuno Half Marathon

Verdade seja dita, não sei por onde começar esse post! Quando fiz a inscrição, eu só pensei “Quem sabe desse vez…”. Minha última meia tinha sido a G4 BSB, que eu estava super confiante que baixaria meu tempo, mas a hand quebrou e eu fiquei com meu sub1h30 só nos sonhos mais profundos e distantes.

Minha prova começou 2 semanas antes, quando publiquei no facebook um post caçando um pouso para minha filha, vulgo handbike, por uma semana. E quero aproveitar para agradecer a tooodos os amigos que ofereceram um cantinho em suas casas pra ela ficar. Não dispenso nenhum, porque eu sempre preciso.  Dessa vez, deixei na casa da Larissa e do Rodrigo, que, inclusive, buscaram a hand na rodoviária lá de SP pra mim, pouco antes de eu pegar o ônibus pra Taubaté. Fiquei em Taubaté uma semana e, no sábado, estava em Campinas, fazendo outras provas (logo eu conto delas. No quesito “preferências” a corrida ganha disparado, né!).

Cheguei em Sampa sábado à noite e, por mil motivos (incluindo metrô e as matracas – eu e Lari – que não paravam de falar), acabei dormindo apenas 2h30 na véspera da prova. Acordei moída, mas já estava a  mil por hora em poucos minutos, afinal, era dia de corrida. Esperei a Carol Spera me buscar. Ela arrumou uma comitiva, incluindo a família dela e um casal de amigos, pra caber hand, cadeira e eu no carro.

Saímos atrasados da casa da Lari, mas com tempo de folga pra chegar ao local da corrida. Porém, havia muitos e muitos quarteirões de congestionamento em volta do local da prova. Faltavam 40minutos pra largada e ainda estávamos dentro carro. 30min. 15 minutos pra largada e ainda estávamos dentro do carro! O desespero bateu! Comecei a pensar e falar “vou perder a largada”, e arrancar ali mesmo a roupa de frio (estava com a roupa da corrida por baixo), colocar as luvas, so faltou o capacete. A turma da Carol decidiu me descer do lado de fora do shopping e estacionar o carro depois. Partimos, eu, o Fabio (marido da Carol) e o Gu (filho dela) para largada. Mas, porém, contudo, todavia, entretantoooo, tinha que subir a ponte pra chegar na largada e…ela estava abarrotada de gente! A largada de deficientes era 7h. E nesse horário eu ainda estava na ponte, gritando “Com licença, por favor”, que virou “Com licença, pelo amor de deus” em poucos segundos. O povo deve ter me achado doida!

Cheguei na grade 7:05, desesperada, pedindo pro moço deixar eu furar a grade e ir pra largada na contramão. Claro que deixaram, mas falaram pra eu ficar calma, porque a largada ia atrasar mais. Motivo do atraso? Me esperar!hhahahaha  Até parece! O que aconteceu é que TODOS os 8mil corredores tinham que passar em frente ao pórtico pra chegar ao corredor com os setores da largada. Não foi bem pensado estrategicamente, mas foi a minha sorte! Eu cheguei tão apavorada com a ideia de não largar, que preocupei alguns amigos que estavam ali posicionados, incluindo a Dani, a Sueli e o senhor Naor.  Com a ajuda do pessoal eu me posicionei e deu tempo de folga pra acalmar. Deu tempo de dar a mão e desejar boa prova pra vários amigos que passaram ali na largada pra me procurar. Deu até tempo de ver a Adriane Galisteu bem atrás de mim (mas fora do alcance da selfie). Como meus amigos dizem, se tudo dá certinho comigo numa corrida, é porque eu corri nos meus sonhos!

Com a Dani e a Sueli

 

Enfim, largamos! O senhor Naor, guia da Achilles, a simpatia em pessoa, foi o anjo da minha prova! Eu fui uma besta quadrada e não verifiquei a posição da minha perna esquerda. A culpa foi minha e totalmente minha de não olhar isso com muita atenção. Acabou que comecei a sentir uma dor perto do joelho. Pensei que fosse o local que sempre apoio a perna nos treinos (no rolo fácil de mudar). Mas comecei a arder muito! Estranhei e, quando olhei pra minha perna, já ia começar a sangrar. Estava pegando no pneu e ele estava queimando a pele. Comentei com o senhor Naor, mas optei por só tentar afrouxar a faixa que prende uma perna na outra. Não adiantou. Ainda estávamos no primeiro km. Decidi parar. Ele estava de bike e parou comigo. Me ajudou a afrouxar a faixa do pé esquerdo. Optei por posicionar a perna mais aberta, pra não voltar a encostar de jeito nenhum. E continuamos.

Gente, o percurso era quase totalmente plano, com alguns falsos planos na Marginal, e estava bem tranquilo. Eu fechei os primeiros 10km, com vento a favor, em 30 minutos e bem feliz, apesar da dor do vento batendo no machucado. E numa dessas olhadas na perna, pra ver se tava tudo bem, eu parei de olhar pra frente e atropelei um cone! Eu ria muito porque quase morri do coração com o barulho, já que peguei o cone bem no meio, ele entrou na roda e eu saí arrastando. Seu Naor ja vinha voltando, e eu dando ré na bike com as mãos no chão. Demorei pra pegar

Com o sr Naor, meu anjo da guarda.

velocidade de novo, mas mandei brasa nos bracinhos. Aí a gente tinha que voltar. A primeira curva eu tinha feito super bem. Mas essa segunda, era bem depois do sinalizador do chip, aquelas lombadas horrorosas que ficam no chão. Como eu quase vooei de cima da hand quando passei naquilo, eu não consegui abrir tanto a curva e…trombei  e subi na sarjeta do outro lado. Lá vou eu de novo, com o coração saindo pela boca, retomar a velocidade de novo e rindo com o senhor Naor.

Mas a minha velocidade não voltava, porque começou um vento contra e gelaaaado. Tava difícil. Mas meu anjo da guarda ia pegando o Gatorade pra mim (no saquinho! foi demais!) e até a esponja, que eu já grudei na cara e no pescoço, já que eu não transpiro. Como estávamos voltando, mas a galera toda da prova ainda estava indo, eu ouvi muitos “Daniiiii”, “vai Dani”. Algumas vozes e rostos eu até reconheci. Gente, foi bom demais ouvir vocês. Eu me senti motivada e queria dar o meu melhor, pra dar orgulho pra todos que estavam torcendo por mim. Muita gente sabia que eu queria o sub1h30, que ia tentar o sub1h20. E eu recebi muitas mensagens de incentivo durante a semana. Mas nada como um grito de incentivo ali, na hora, quando os braços estão doendo. Muito obrigada a todo mundo mesmo!

E eu fui feliz da vida (apesar de os meninos com as hands importadas já terem passado voltando quando eu ainda estava indo) até encontrar a galera do revezamento. Sim, havia essa opção na prova, onde 1 da dupla corrida 7,5km pra ir e 7,5 pra voltar e aí trocavam. E quando eu cheguei nessa turma, complicou! Por mais que o senhor Naor fosse na minha frente pedindo passagem,e eu viesse atrás gritando e pedindo “Com licença, por favor”, a galera que corre com os dois fones de ouvido e a música tão alta que eu escutava lá do chão, simplesmente não abriam passagem. Juro que não sei como o pessoal da elite faz nessas horas. Eu desviava, freei várias vezes (cheguei a ir de 22km/h a 9km/h e até a parar totalmente, pra não passar por cima das pessoas). Mas teve uma hora que o pior aconteceu. Eu desviei de um casal, mas um grupo entrou bem na minha frente e a roda de trás da hand pegou numa moça. Quando ela xingou, e a hand bateu nela do lado direito, tombou pro lado esquerdo e minha perna caiu e saiu arrastando, e eu torci o punho direito. Eu fiquei desesperada com a moça e ela comigo. Eu comecei a chorar pedindo desculpas e perguntando se ela machucou. E ela perguntando se eu me machuquei. Seu Naor já tava do meu lado de novo. Ele e as pessoas colocaram meu pé no lugar e me empurraram pra eu ir embora. Eu saí chorando e pedalando, muito chateada e assustada. E aproveito aqui pra pedir desculpas novamente pra moça. Se alguém a conhece, digam que sinto muito e espero que ela não tenha se machucado!

Demorei um pouco pra me acalmar. Mas entendi que a prova estava acabando. Quando faltava um km, eu tentei aumentar a velocidade, mas tinha muita gente na minha frente. Deixei pra sprintar quando já estava na grade e faltavam poucos metros, mas não deu. Acho que ninguém que estava na minha frente quis sprintar. Eu tive é que reduzir a velocidade pra não atropelar mais ninguém. E quando eu passei pelo pórtico, e vi meu cronômetro, aí a emoção tomou conta! Tava marcando 1h09. Ainda não saiu o tempo oficial (naquelas fotos que eles publicam no facebook, eu tenho uma marcando 1:12 e outra marcando 1:04. Então ainda to esperando), mas pelo amor de deus!! Eu queria o sub1h20 e conseguiiiiiiiiiii!!!!!!!!  To feliz demais da conta até agora. Já fui lá olhar o cronômetro umas 3 vezes pra ter certeza de que era aquilo mesmo!hahaha

Assim que acabei a prova, já tinha uma amiga, a Filo, ali pra me abraçar. E assim que passei pra cadeira, já fui com o senhor Naor direto pro posto médico, pra ver a minha perna que doía e ardia (e arde até agora). Ferimento limpo, gelo amarrado, fui buscar minha medalha. E peguei a medalha que me entregaram, a rosa, sem saber que era a medalha errada. Fui descobri quase na hora de ir embora, quando a Sueli me disse que a verde era dos 21km e a rosa do revezamento. Mas ela trocou a dela comigo, porque a dela também estava invertida.

Se você teve problemas com a cor da sua medalha, descobri com meu amigo Colucci que dá pra trocar. É só enviar um email para mizunohalfmarathon@ccm.com.br com o nome completo e endereço explicando qual foi a troca que ele enviarão pelo correio as medalhas corretas.

No final, enquanto o Fabio e o Gu guardavam minha hand no carro, eu fiquei ali perto da grade, conversando e tirando fotos com meus amigos que passavam, enquanto eu esperava a Carol terminar. Pra fechar com chave de ouro, quando eu estava indo pro carro, eu encontrei a Ariane Monticeli, pura e simplesmente a ganhadora do IronMan. Eu fiquei caçando ela e o Igor Amorelli a prova inteira! Até vi o Igor correndo. Mas não cruzei com eles depois. Quando vi a Ariane, conversando com a Yara, soltei um “não acredito”. E ela, simpática, linda, humilde, conversou comigo, tirou foto e até comentou nossa foto no meu instagram! Uma fofa mesmo!

Mas, infelizmente, eu desencontrei de muita gente, muitos amigos que eu queria ter encontrado, batido foto e papo. Talvez pela minha fuga até o banheiro adaptado mais próximo, que era dentro do shopping, talvez pelo fato de as pessoas serem direcionadas pra dentro do Parque do Povo no pós-prova e eu não ter entrado la. Fato é que, nem com as amigas que eu combinei de encontrar, eu consegui encontrar. Todo mundo que eu vi, abracei, beijei e tirei foto, eu encontrei por acaso. Ainda bem que logo tem outra corrida! Vamos?