Dani Nobile

Expo Golden Four Asics SP 2015

Gente, é taaaanta coisa pra falar, que eu nem sei por onde eu começo! Juro!

Vou voltar no tempo, pro começo desse ano, quando recebi o convite da organização da Golden Four, pra ser palestrante nesse ano. Eu iria falar sobre a Minha História com a Golden Four Asics. Nem preciso falar que só não pulei de alegria porque não pulo! Mas eu já estava esperando ansiosamente por novas informações, enquanto a corrida não chegava. Fiquei em êxtase total quando saiu o informativo sobre a Expo e meu nome tava lá, bem depois do Dr. Drauzio Varella! Eu já tratei de enfiar meu livro na mala, pra tentar um autógrafo.

Nas duas provas anteriores que fiz em Sampa, eu tinha ficado parada na marginal na ida. Então, por puro e total medo de isso acontecer (e aconteceu! Fiquei 1 hora parada e não fiz nem metade do que eu queria na sexta), decidi sair de casa na sexta-feira. Quando cheguei, o Edu já estava lá pra me buscar, junto com toda a minha tropa: cadeira, minha filha handbike e mala (to conseguindo carregar uma mala cada vez menor, apesar das roupas de frio). Fui direto pra loja da Vivian Bógus, que agora me patrocina com roupas da linha fitness. Já peguei a calça nova e o top que eu usaria na prova. Também escolhemos uma blusa pra eu dar a palestra, porque já faz uns 2 anos que eu não compro roupa “de sair” (mais alguém tem mais roupas de academia do que outra coisa?).

Eu já estava sem dormir há 2 semanas. Imagina se eu dormi naquela noite! No sábado, eu não via a hora de chegar logo na Expo! A Fabi passou pra me buscar e lá fomos nós. Já no estacionamento, comecei a encontrar os amigos. Eu adoro buscar kit de corrida! Assim, eu tenho 2 dias pra ver o pessoal que faz tempo que eu não vejo. Verdade seja dita, pouca gente que eu vi sábado, consegui encontrar domingo, depois da prova. E já na entrada da Expo, estava aquela placa linda dos 21k. E esse ano ela era azul! Ali eu já vi que as coisas seriam maravilhosas no meu final de semana.

Eu e a Fabi rodamos aquela Expo toda, pegando kit, tentando trocar minha camiseta (que veio tamanho vestido, pra mim, que pareço um Minion),vendo algumas coisas, encontrando as pessoas e tirando fotos. Mas eu estava bem preocupada com a palestra. E vou falar pra vocês o motivo. Eu tinha tempo limite pra falar! E todo mundo que quando eu começo a falar, eu não para nunca mais na minha vida! E eu também não queria chorar, porque eu sempre choro quando falo da Golden Four.

Encontrei o Marcelo (de Assis Marques), meu amigo querido, que ia dividir o palco comigo e também contar a história dele. Então, combinamos que ele falaria primeiro, assim eu usaria o tempo que sobrasse. Depois disso, eu e Fabi sentamos num cantinho pra devorar o kit lanche, porque minha pressa era tanta, que eu nem deixei minha amiga almoçar!

Logo, começou a palestra do Drauzio Varella. Como o pessoal disse lá, ele parece nosso avô (e realmente tem a idade do meu). Calmo, tranquilo. Muito engraçado. Falou várias verdades sobre saúde, necessidade de fazer atividade física e que, essa história de que correr faz mal é tudo balela. Na minha opinião, é lorota pra vender mais remédio ao invés de vender tênis! A única coisa que ele disse, e que incomodou alguns corredores,é que ninguém gosta de levantar super cedo pra treinar. E tem muita gente que gosta sim, porque rende mais de manhã do que à noite. Mas eu sou do time que dorme mais um pouquinho e rende mais depois das 18h rsrs

Gente, a palestra dele foi uma muvuca de tanta gente! Todo mundo juntinho, apertadinho, pra tentar ouvi-lo falar. E ele também levou a Adriana Aparecida, medalha de prata no Pan de Toronto. Quando ela estava terminando de falar, eu já estava explodindo de vontade de ir ao banheiro (e todo mundo sabe que lesado medular não consegue segurar). Eu só pensava que se não fosse naquela hora, não conseguiria ir antes da minha palestra. Aí veio a notícia de que o Drauzio não esperava tantas pessoas e percebeu que não daria tempo de autografar os livros, visto que ele tinha outro compromisso. Mas e meu livro? O Edu já tirou o livro da minha mão e eu fugi pro banheiro. Sorte a minha, pois quando saí, tinha uma fiiiiila pra entrar. Soube que meu livro desapareceu com o pessoal da Iguana Sports, lá pra dentro do camarim do Drauzio. E voltou autografado, cheio de carinho! <3

Ta. Nossa vez de subir. Minha e do Marcelo. Enquanto todo mundo tietava a Adriana, eu aproveitei e também fui. Ela é muita linda e me disse “Segura a medalha”. Coração da gente dispara, né! Desci, e fomos, Marcelo e eu, na mesa de som. Maaas, cadê nossas apresentações? Esperamos 10 minutos pra descobrirem quem estava tomando conta delas com a vida. Mentira, só tava num pen drive. Mas, foram 10 minutos que duraram 10 séculos. Eu só pensava que não ia ter sentido falar, falar, sem mostrar fotos. Sorte que a Adriana estava lá, no palco, enquanto o pen drive chegava.

Eu subi crente que o Marcelo ia falar primeiro. Mas deram dois microfones pra nós. Eu só dei uma olhadinha pros banquinhos e vi apenas nossos amigos (meus e dele) e mais algumas pessoas. Aí, na televisão bem na minha frente, aparece minha foto! Gelei! Assim, a sangue frio, sem avisar, sem preliminar? O moço me entregou o passador de slides, e eu comecei a falar. Percebi que quando eu disse assim “vocês devem estar se perguntando o que uma pessoa na cadeira de rodas veio falar sobre corridas”, um monte de gente que estava nas filas virou o rosto e começou a olhar pra mim. E assim que eu comecei, foi vindo gente, vindo gente, e mais gente pra me ouvir.

Eu tentava não parecer uma metralhadora, mas também não podia ficar totalmente zen, pra contar meus 3 anos de história com a Golden Four. Era muita história pra pouco minuto. Mas eu fui contando, contando… Tinha gente rindo, tinha gente chorando, a Dani tirando foto (mas na verdade estava filmando, ainda bem que só me contou depois). Umas duas vezes me deu vontade de chorar, mas eu engoli o choro, pra não passar vergonha bem ali.

Eu não ensaiei falar nada. Coloquei as fotos da história pra serem meu guia e fui contando. Depois que eu desci, pensava “poxa, não falei isso”, “eu devia ter falado aquilo”. Mas em nenhuma palestra minha eu faço diferente do que fiz ali. Eu simplesmente falo da minha cabeça, que é onde a história e as emoções estão guardadas. Engraçado que, várias vezes, enquanto eu falava, eu via as situações na minha frente. Eu, sentada na cama do hospital, vendo as fotos da Golden Four 2012 no facebook. Vários amigos dedicando as medalhas pra mim. E eu ali, digitando igual cata-milho, porque nem os dedos funcionavam direito (não que hoje eu não apague 200 vezes as letras que eu aperto trocadas sem querer. Mas em quase 3 anos, melhorou muito!). Depois, 2013, eu vendo, de novo, as fotos, enquanto eu pensava em como eu poderia estar la. E que só ir pra assistir ia ser sofrimento demais.

Depois eu comecei a falar sobre as etapas do ano passado. E parecia que via, ali na minha frente, aquela subida dos infernos, e a hand dando ré, na minha estréia. E ouvia a galera me passando e eu ouvindo os passos de cada um no asfalto. Lembrei até das sombras das árvores no caminho. E aí a minha chegada, e a minha alegria em pegar a medalha. Eu nem acreditava. (a etapa SP 2014, eu contei aqui http://daninobile.com.br/golden-four-uma-das-maiores-emocoes-da-minha-vida/ )

Depois, parece que eu via Ivone atrás de mim, me empurrando, enquanto a Gi e o Vandi traziam a hand desesperados. A Márcia parando a van e nos resgatar. Eu também vi o chão quando eu caí de cara na largada. E ouvia a voz do Gustavo, meu ciclista anjo, falando pra eu me acalmar, enquanto o gel estourava na minha blusa, a hand quebrada e eu chorando sem parar. E depois a busca por ele, pra agradecer! (a etapa BSB 2014, eu contei aqui http://daninobile.com.br/2-anos-depois-golden-four-asics-brasilia/).

Eu fui lembrando e falando o que vinha na minha memória e no meu coração. Todas aqueles momentos, que eu resumi em 25 minutos. Pois é, passei do tempo! Só soube depois, que a Dani me falou! E enquanto eu falava, eu via os amigos e amigas chegando pra me ouvir, me dando tchauzinho, me mandando beijinho. E a reação das pessoas. Aí, no final, todo mundo bateu palma. Acho que quando batem palma é porque não foi tão ruim assim hahahahaha

 

Quando o Marcelo começou a dar a palestra dele, eu já estava tão relaxada, que só curti. E até consegui fazer pose pra foto e piadinhas quando as pessoas tinham perguntas. Mas a surpresa maior ainda foi o pós-palestra. O feedback dos outros atletas foi muito incrível! Muita gente vindo conversar comigo, tirar fotos. E eu também recebi muitas mensagens lindas nas redes sociais! Eu não tenho nem como agradecer a cada pessoa que esteve ali presente, e cada palavra de carinho que eu recebi. Vocês tornaram o meu dia incrível!

Depois disso, eu destruí o lanche que a Dani levou pra mim (quem contou pra ela que eu sou uma draga, eu não sei. Mas ela sabia que eu ia descer do palco morrendo de fome). Finalmente fui personalizar minha camiseta e fui a última a subir na maca pra fazer a massagem. Ouvi do senhor que me atendeu que eu tava com as costas podres. Mas o mais legal foi ouvir do pessoal da massagem “Nossa, eu amei sua palestra. A gente estava trabalhando, mas ouvindo tudo que você falava aqui do fundo”.

Não preciso nem dizer que eu estava mega master radiante. Cheguei na casa da Vivi, abri meu tênis lindo que ganhei da Asics, arrumei tudo pra corrida e…. não dormia nem pagando mil reais!!

Quer saber como foi a prova? Amanhã eu conto! Esse post já ficou gigante demais!rsrs