Dani Nobile

2 anos e meio

Já passa da meia noite, então já posso dizer: “Parabéns pra miiiimmmm”. Sim, já é dia 22. O dia mais lindo de todo mês, quando comemoro minha sobrevivência e minha decisão de que não iria ser só isso. Não, eu não ia só sobreviver. Eu escolhi viver!

E também faço questão de comemorar, mesmo já tendo ouvido que é um horror eu fazer isso.

Esse mês, talvez nem todo mundo entenda meu post.Não sei se foi essa coisa toda de “Boston feelings” que invadiu a nossa vida essa semana, mas eu so consigo voltar lá nos primórdios da ideia do meu primeiro post e pensar que eu já corri 30km. Sim, foram 30 meses, 30km da maratona da minha vida. 1km por mês.

 

UTI – Outubro/2012

Todo mundo sabe que se você sai em disparada, vai faltar no final. Não é prova de 1000m. É maratona! E eu respeito essa senhora. Comecei confortável, ciente do que tava acontecendo. E à medida que os km avançavam, eu ia ficando mais contente, pois o corpo já estava aquecido. Sim, eu ia notando melhorar físicas.

Dezembro/2012

E conforme eu avançava na prova, notava que o percurso ia mudando. Belas paisagens. Teve praia, teve montanha, teve cidade. Teve lugar cheinho de gente assistindo e aplaudindo, gritando, dando aquela força. Teve lugar escuro. Parecia que só tinha eu e mais ninguém ali.

Em alguns km eu cansei. Parecia que faltava ar e o sol tava castigando. Aí tinha meu staff com água geladinha.Em outros km a coisa fluiu, que até parecia prova de percurso plano, sem chuva e sem vento contra.

2013

Então eu cheguei aqui, no km 30. Nesse momento da minha vida, to lutando pra não quebrar. Peguei mais um gel e to bebendo água. E jogando muita água na cabeça, porque ta um sol de rachar.

Calma, gente, eu não cansei. Apesar de que, vou contar pra vocês, tem horas que cansa. O vento contra, o sol castiga e, com o perdão do trocadinho, as pernas cansam. Sim, elas dóem. As panturrilhas ardem. E meu joelho…ah, esse joelho que dói desde a minha primeira prova! Eu to numa fase da reabilitação que “o corpo parou”. Quem ta de fora, meus amigos, meus médicos, dizem que conseguem notar melhoras sutis. Eu, só consigo pensar nas grandes que ainda não apareceram.

Aí, algumas coisas aconteceram. Andaram dizendo por aí que eu ando e to na cadeira porque quero. Na boa, se eu andasse, eu tava correndo com minhas pernocas por esse mundão afora. E como eu queria minhas pernas musculosas de volta. Quando eu ouvi e li isso, fiquei bem triste mesmo. Mas depois, eu pensei: “Cara, se até elas pensam que eu posso, é porque eu devo poder mesmo!” Então, isso foi mais um ânimo pra eu não desistir. A decisão que tomei? Procurar um parceiro pra correr comigo.

Chega uma hora, na maratona, que é bom você ter um parça pra seguir lado a lado. Se não for pra conversar, que seja só pra estar ali do teu lado, dando aquela força. Depois de 18km correndo nessa sozinha, decidi que eu vou voltar pra fisioterapia.  Não que eu esteja totalmente sozinha nesse tempo todo. Sempre tem alguém que passa por mim, corre uns metros, ou 1km. Mas agora to procurando e precisando de alguém pra correr do meu lado um pouco, pra direcionar meu caminho.

2014

“Ah, Dani, mas se você já ta no 30, faltam só 12!”. Aí é que está o problema! Eu não to vendo a linha de chegada. Minha sorte é que, geralmente, nessa altura da prova, ninguém ta!hahahahaaha Mas eu não sei se a maratona da minha vida vai virar uma Ultra.

Tem horas que ela já foi corrida de aventura, pulando (sem pular kkkk) um monte de obstáculos. Também já foi corrida de montanha, subindo e descendo as pirambas, cheia de altos e baixos. Minha amiga Debs me levou pra Boston essa semana. Uma amiga minha, a Dri, fez a BR e me levou no coração. Quando eu acidentei, a Claudinha prometeu que seria minhas pernas e me levou pra Spartathlon. Com elas, e com todos os outros que me mandam mensagens antes e depois de provas, eu vou cada vez mais longe. Mas quantos km tem Minha Prova? Eu ainda não sei.

2015

O que eu peço? Força nos pulmões (que ficaram fracos depois do acidente), que meu coração aguente (porque minha frequência já não sobe mais), que “minhas pernas” sejam fortes o suficiente pra aguentar todos os km que ainda estiverem por vir. E que meu staff esteja sempre ali, pra me dar água, frutas, gel, cápsulas de sal, gritos e empurrões…até prato de comida e puxão de orelha!rsrs

Quando eu não sei, mas eu prometo que te vejo na linha de chegada, da maratona da minha vida!