Dani Nobile

Novas tentativas

Para quem está acompanhando minha vida aqui no “Mãos pelos Pés” ou no Face, sabe que eu estou em Brasília!

Terça-feira, dia 29, cheguei à capital e fui direto pro Hospital Sarah Kubitschek, para fazer minha entrevista e tentar minha primeira internação. Mas, após a entrevista, eu fiz exames e tenho que aguardar uma semana, até a próxima terça, para que os resultados sejam divulgados e eu possa ter uma resposta – interno ou não….Aja coração!

Passar uma semana, todinha, numa cidade desconhecida, com meus pais ansiosos, poderia ser bem difícil. Mas tenho bons amigos que estão tornando tudo mais fácil e até gostoso!

Pra que me lê, sabe que estou nadando há algumas semanas, com ajuda do meu querido professor Jones Miller. Ontem, fui nadar também. Isso me ajudou muuuito a passar bem o dia. Eu ia até escrever sobre a natação adaptada essa semana. Porém, algo aconteceu e minha prioridade para a escrita mudou!

Hoje estava chovendo e eu não sabia o que fazer. Estava um dia chato, meus pais quiseram conhecer um shopping e eu cheguei a sentir sono na volta do passeio. Foi quando meu amigo Guigo Lopes me manda uma mensagem que dizia “O tempo melhorou. Rola até uma handbike”.

Uhuu! Lá fomos nós, pro Parque da Cidade Sarah Kubitschek, para tentar algo novo! Gente, um parto pra subir naquilo! Sorte que minha perninha direita ajuda um pouco e o Gui já tem experiência de sobra na área.

Depois do sufoco pra eu me posicionar (não suei porque lesado medular não transpira), lá fomos nós. Eu, no maior medo! Gui, pedalando uma bike comum, do meu lado o tempo todo, dando instruções, incentivando, diminuindo as marchas pra mim, pois eu só tinha força nos dedos pra deixar a bike mais pesada.

A primeira sensação? Ah, pensei que fosse mais difícil. Eu pensei que eu nem fosse sair do lugar! Mas, nem senti a primeira subida… Na verdade, pensei que estava bem fácil e o Gui disse que eu estava indo super bem. Depois, teve uma descidinha e uma mega subida. Aí eu morri e tive que parar 1 minuto pra descansar. Logo após, teve uma mega descida, quando fiquei desesperada e apertava os freios sem parar (meio freio! Com a mão esquerda eu só tinha força pra apertar com dois dedos, pois o indicador ainda está só de enfeite e o mindinho não estava a fim de trabalhar, e o dedão estava apoiando meu “guidão”).

Em alguns trechos de subida leve, consegui atingir 9km/h (não se empolguem! Na subida forte, a velocidade caiu na mesma proporção em que a subida “subiu”). Na descida, o Gui gritava “força Dani” e eu pedalava forte, mas depois comecei a brecar desesperada pois já tinha atingido 20km/h. Eu me perguntava se os vários pedestres, caminhantes, corredores, tinham amor à vida. Mas eles tinham, saíam da minha frente e eu não atropelei ninguém.

Fizemos 4km e eu saí de lá me sentindo outra pessoa! Na verdade, 8horas depois eu ainda estava extasiada com a sensação! Como diz minha amiga Simone, quem é do esporte é do esporte e pronto! E eu sentia falta da endorfina e da dor muscular!

Minha mãe até brincou, dizendo que a dor que eu sentia nas pernas, por causa da corrida, vou começar a sentir nos braços. E aja braço pra essa handbike! Meu Deus!

Enquanto pedalávamos, o Guigo me explicou que a handbike que eu estava usando é própria para passeio. A hand para competição é mais leve, e um pouco menor. Como ele me chamou atenção para essa diferença, fui pesquisar no nosso amigo Google.

Descobri muita coisa legal, mas acho que ainda falta pesquisar mais. Para quem não conhece, a bike dos cadeirudos possui três rodas, dispositivos configurados com um sistema de pedalar que é operado usando as mãos e os braços em vez de pernas e pés. Os pedais estão localizados em frente do ciclista, mais ou menos, ocupando a posição do guidão de uma bicicleta normal.

Do ponto de vista prático, uma bicicleta de mão é um excelente meio de transporte para quem é incapaz de operar uma bicicleta normal.

Geralmente, elas funcionam bem para lesões de baixo e alto nível e a maioria tem pedaleiras ajustáveis, ângulo do assunto (ainda bem, senão teria sido ainda mais difícil minha primeira sentada!), vem com uma grande variedade de engrenagens de roda, pneus e configurações, dependendo do uso pretendido. A bike exige uma quantidade justa de parte superior do corpo e a força do braço para gerir de forma eficaz (bota força nisso!), tornando-se uma excelente forma de exercício, bem como proporcionar ao indivíduo a capacidade de desfrutar de um grau de mobilidade. Por esta razão, uma bicicleta de mão muitas vezes é uma ótima alternativa para pessoas que têm pouco ou nenhum uso de suas pernas. Dá pra divertir bastante, aproveitar a paisagem, a natureza, dá até pra paquerar os gatinhos e gatinhas que passam correndo ou pedalando (porque hoje, na handbike, só tinha eu no parque!)

No entanto, o custo ainda é elevado para os padrões brasileiros. O valor médio é de R$3.000,00 (claro que as profissionais custam muito mais caro que isso! Esse valor é de uma simples). Assim, nem todos os cadeirudos tem a possibilidade de experimentar a modalidade. Muito menos de ter uma! Eu mesma, só experimentei porque Guigo me emprestou!

Mas, quando você está ali, experimenta a sensação nova, nem te passa pela cabeça “poutz, se eu cair, a roda vai entortar e eu não terei grana pra mandar arrumar”. Imagina! Quando você está ali, tentando algo novo, vendo que você consegue, sendo incentivado, sentindo a endorfina correndo pelo corpo, sorrindo e sentindo o vento bater no rosto enquanto seu braço arde, só dá pra pensar em uma coisa: com certeza eu quero fazer isso de novo!

A primeira pedalada de Handbike

Texto originalmente postado no blog Mãos pelos pés, no Running News