Dani Nobile

Ta tendo Copa – Parte 2. Ops!! Acabou!!

Voltei pra casa!  Não vi a final no estádio. Torci e vibrei pela Alemanha (e pelos alemães gatos – meu deuso do céuso) de casa mesmo.

Além dos jogos já relatados, tive a oportunidade de assistir a mais dois. Conforme prometido, aqui vão minhas impressões sobre eles, torcida, estádios, acessibilidade, etc.

1 – Brasil x Colômbia em Fortaleza. Estádio Castelão.

Gente, nunca vi uma torcida tão animada antes do jogo. Claro que não podemos atribuir apenas aos cearenses toda a empolgação, pois tivemos ali gente do país inteiro. Mas, eles tinham animadores no bar da Budweiser, bateria de escola de samba, cantor famoso dando palhinha (Solange, do Aviões do Forró – que eu adoro).

Pra quem viu no instagram, aconteceu algo inédito comigo. Todo mundo sabe que não me contento em ficar lá no fundão, vendo bundas e pernas das pessoas, enquanto a festa rola. Eu gosto de estar lá no meio do trem que tá pegando fogo, perto da música. Então, eu fui pedindo licença, e pedindo licença. E fui parar lá do lado do pessoal que estava tocando instrumentos de samba. 5 minutos depois, o Thiago, que tocava do meu lado, jogou no meu colo um chocalho. Eu olhei pra ele e disse que não sabia tocar. E ele disse “sabe sim! Tá batucando aí na perna faz um tempão.” E eu toquei! Toquei por  1hora e meia. Às vezes com orientação dele, sobre a velocidade dos movimentos do chocalho. Mas foi massa demais! E eu toquei pra Solange, do Aviões, cantar! Ah, eu me deliciei.

Dentro do estádio, foi uma farra. Não saiu a Ola de jeito nenhum. E a música que todo mundo recebeu por facebook e whatsapp, que todo mundo ensaio lá na Budweiser, não emplacou durante o jogo.

O jogo foi bom, super animado! Eu consegui filmar o gol do David Luiz. Meus amigos ficaram enlouquecidos. Além do mais, havia um pessoal muito engraçado atrás de nós, que falava gírias cearenses o jogo todo e foi risada garantida. É interessante como cada região tem sua forma de xingar o juíz, reclamar dos jogadores e comemorar.

 

Os banheiros do estádio eram bons, apesar de os banheiros de deficientes não serem respeitados, por ficarem junto aos banheiros “comuns”. Achei a acessibilidade boa, os elevadores bem localizados e as rampas de acesso aos portões são bem tranquilas de serem utilizadas.

Quanto ao espaço, no estádio, entre o local pra cadeira de rodas e a circulação do público. Bem, esse ficou invisível, igualzinho em Natal. Lotado de gente em pé atrás de nós. Ir ao banheiro durante o jogo era missão impossível.

A comida era a de sempre. Cachorro quente sem molho, pipoca cara, chocolate caro, tudo padrão Fifa.

A saída do estádio eu também achei tranquila. Os voluntários tem boa vontade, mas como eu já havia notado nos outros jogos em outros estádios, eles não recebem treinamento pra lidar com a cadeira de rodas. Eles oferecem ajuda, querem nos empurrar. Mas se você passar por um degrauzinho, um desnível no chão e não estiver atento, corre o risco de ir de cara pro asfalto.

Levantei, sim, pra tirar foto em pé e só! E ninguém me questionou por isso. Eba!

2 – Brasil e Alemanha em Belo Horizonte. Estádio Mineirão.

Então… 7×1. Posso falar palavrão no meu próprio blog? É…eu não sou comentarista de futebol e pra criticar o Fred Cone, o Hulk que nesse dia não fez nada, o Julio Cesar que de pegador passou a frangueiro, eu ficaria aqui horas, correndo o risco de falar asneira.

O que aconteceu é que eu piscava e era gol. Piscava, outro gol! No quarto gol, falei pro meu acompanhante, Alexandre, que eu ia ao banheiro. Estávamos com 24min do primeiro tempo. To lá (jajá eu falo das condições do banheiro) e chega um zapzap da Fer, indignada, falando um palavrão (será que tem criança que lê meu blog ou eu posso falar os palavrões?). E eu respondo (outro palavrão e) “Não acredito, 4 gols em 25minutos”.  E eu recebo a resposta dela “onde você está?” “no banheiro”. “ah, porque a Alemanha já fez mais um gol. tá 5×0”.

E pra dizer bem a verdade, apesar de toda a tristeza de ver a Seleção fora da final e perder daquele jeito, eu estava lá pra ver o maior massacre da história das Copas do Mundo, ao vivo, à cores e à lagrimas derramadas do povo em volta de mim. Vi tudo de bem perto (estava pertinho do gramado, atrás do povo chic que pagou várias mil dilmas pra estar ali). Deu dó das crianças.

Gente, e esse povo que paga várias mil dilmas, brigou muito na minha frente. Teve cerveja voando na cara de um, cerveja voando na cara do outro, gritaria, um monte de polícia. E eu soube que foi assim no estádio inteiro. Isso porque é só um jogo de futebol. Será que se o Brasil perder medalha de ouro nas Olimpíadas o povo também vai se estapear?

A animação pré e durante o jogo não era mineira, nem brasileira. Que desânimo! Não tinha cantoria, não tinha batuque. O bar da Budweiser estava silencioso e deserto. Só aquela musiquinha de fundo. Era de assustar! Era o prelúdio da derrocada.

Comida: tinha o tropeiro do Mineirão. Mas quando eu cheguei, já não tinha mais! O resto, eram as comidas de sempre, com aparência e preço padrão Fifa!

As rampas de acesso entre os portões (do lado de fora) são bem-feitas. Mas imeeeensas. Tipo Everest mesmo. Mas um Everest de uma escalada só. Se seu acompanhante não te ajudar, você consegue, mas aí, o jogo já começou e já acabou. As rampas de dentro dos portões para o nosso lugar são exatamente as de Natal (veja o post anterior) ao contrário. Você desce lindamente para o seu lugar, com toda a liberdade que as rodas nos permitem. Cuidado nas curvas pra não bater a boca no corrimão. Mas na volta, meu amigo…graças a Deus temos acompanhante! Everest por etapas. Assim, eu até subiria. Demoraria anos luz, mas não sou franga e subiria. Porém, no pós-jogo, a galera cheia de cerveja na cabeça não tem muita paciência (com exceções) de nos esperar subir. Assim, os acompanhantes são importantes e essenciais. Principalmente para nos sermos atropelados pelos sem-roda.

Banheiros. E aí? Querem rir? Então…na primeira vez que fui ao banheiro (entre o quarto e quinto gols da Alemanha, feitos na velocidade da luz), o banheiro não tinha trinco na porta. E ele fica bem na vista de quem passa no corredor. Tive a sorte de ter uma moça gracinha que ficou vigiando a porta pra mim. Senão…Na segunda vez que eu fui (porque o jogo não era imperdível  e eu bebi um monte de água), já não tinha nem maçaneta pro lado de dentro. Aí, não dava. Já pensou se eu fico trancada pro lado de dentro e perco mais dois gols? Eu tive que trocar de banheiro e usar o regular. O detalhe é o seguinte: e as meninas que não conseguem usar esse banheiro? Fariam (ou fizeram) como?

E não teve jeito. Aplaudimos a Alemanha em BH. E chegamos a gritar Olé. E dessa vez meu lugar era perfeito, bem pertinho do gramado. Eu vi tudo de perto, querendo estar lá no infinito e além pra não ver os detalhes. Mas, o plano A não era essa barra de chocolate toda, com recheio trufado. Se bem que, meus vídeos ficaram ótimos (ainda mais porque eu aprendi a usar o zoom do celular enquanto filmo!).

Eu fiquei em pé pra tirar foto de novo (com amigos e com famosos) e ninguém me questionou por isso. A moça que tomava conta, na porta do camarote, deu uma olhadinha. Mas ela me viu ajeitando a perna esquerda várias vezes. Depois ela até me ajudou.

Bom,  perdemos feio, historicamente feio. E eu voltei pra casa. Não tive oportunidade de ir ao Itaquerão, nem ao Maracanã, infelizmente. Por hora, fico devendo minhas impressões sobre ambos.

Teve gente que me criticou muito por sair por aí viajando sozinha, indo aos jogos. Apuros nos aeroportos, cadeirante sempre passa, com Copa ou sem Copa. Isso porque os atendentes não sabem nos atender (com o perdão do trocadilho). Eu aproveite cada minuto, e vivi um momento que, a não ser por um milagre, eu tenha oportunidade de viver novamente: uma Copa do Mundo assim, de pertinho.

 

Como disse um amigo, ficam os aprendizados: Não vaiar o hino do adversário. Porque perdeu, não quebrar, não brigar, não gritar, não chorar. Isso é apenas futebol, é só diversão. Fazer copa é mole, mas com educação, estrutura boa, qualidade nos serviços, é bem mais difícil.

Conforme publiquei essa semana no Instagram, aí vai meu saldo da Copa: : 4 jogos. 4 estados. 4 viagens. 4kg a mais!! Agora tenho mais 4 famílias! Revi minha familia de BSB. Ganhei uma familia em Natal, outra em Fortaleza e outra em BH. Cada uma com seus costumes, seus sotaques, sua cultura, sua culinária. Revi amigos. Matei saudades. Conheci muita gente interessante. Fiz muitos amigos! Conheci muuuitos estrangeiros (uns viraram amigos), aprendi com suas culturas. Recebi muito amor e carinho. Passeei demais! Conheci lugares novos.Pratiquei meu ingles. Desenferrujei o espanhol. Aprendi palavras em Italiano e alemão. Vi o q ja conheço e defendo sobre o esporte, a amizade, o respeito, o amor, a alegria que só o esporte proporciona. Vivi uma Copa do mundo de perto, com sua riqueza e diversidade culturais. Vivi situaçoes e alegrias inesquecíveis. Coisas que dinheiro nenhum no mundo paga. E que tempo algum vai me fazer esquecer! O Brasil perdeu, mas quem ganhou fui eu!!