Dani Nobile

Te amo e sempre te amarei…

Há 7 anos a gente começou aquele flerte. A esteira me apresentou você. Começamos devagar, como todo relacionamento deve ser. A gente se via todos os dias, mesmo que rapidinho.

Meses se passaram, até que resolvemos dar um passo adiante na nossa relação. E veio a primeira inscrição de corrida! Chegou o dia e eu pensei que seria só mais um dia da minha vida. Mas acabou sendo um dos mais importantes. Nosso amor se concretizou ali, naqueles 5km. E quando eu cruzei a linha de chegada eu sabia que nada abalaria esse amor. E que eu queria você pra sempre! Era isso que eu queria pro resto da minha vida!

Um mês após o outro, a gente começou a se ver por mais tempo. Começamos a ficar mais rápidas juntas. E a querer ir mais longe. Veio nosso primeiro tênis de corrida. E mais uma inscrição. E outra. Até chegarem as provas de 10km.

Você não queria que eu te amasse egoistamente. Queria que eu dividisse esse sentimento com outras pessoas. Vieram os Loucos por Corrida. Depois os Viciados. Depois os Amantes. Você encheu a minha vida de gente. Gente de toda idade, de toda raça, de todo lugar, gente de todo tipo. Você me encheu de amigos!

Um ano depois eu já não aguentava mais te ver tão pouco. Os 10km viraram 12. Depois 15 e depois 17, até eu chegar nos 21. Você me apresentou a meia maratona. E ali eu me encontrei. Uma, duas, três… foram 6 ou 7? Nem me lembro mais!

Nos pés, as bolhas apareciam sempre. As pernas pesavam. Os joelhos doíam todo dia. Mas não importava!Você encheu minha parede de medalhas e alguns troféus. Você encheu minha vida de alegria, meus olhos de brilho, meu rosto de mais sorrisos.

 E a cada dia que passava, eu te amava mais e você retribuía. Comecei até a te carregar no pescoço, porque no coração já não cabia mais. 21, 23, 25, 29… E eu queria mais! Eu queria 42!

Aí eu entrei no liquidificador. Eu mal tinha saído de lá e só pensava em você! E dizia pro bombeiro: “Eu quero correr!” E ele disse “Calma!”.

Eu só pensava em você! Dia e noite naquela UTI. Dia e noite no quarto do hospital. Dia e noite até hoje. Por 2 anos e meio você me sustenta e me ampara, você segura minha mão.

Lembro como se fosse hoje, quando eu estava desesperada, pensando “e agora?”, você me disse “Calma! Nunca vamos nos separar! Daremos um jeito! Você sempre deu, em todos esses anos.”

E dei! Hoje calço os tênis, mas meus pés ficam amarrados. As bolhas estão nas mãos. São os braços que pesam. Bíceps, deltóides e trapézios que doem.

21 ainda é meu número da sorte. Ainda é onde me encontro. Quantas vezes já estivemos ali, juntas, de novo? Não sei… O tamanho do meu sonho? Ainda é 42!

Ainda sonho com o dia em que vou calçar os tênis pra desgastá-los. Sabe ali, bem na parte interna do calcanhar? Ali sempre foi o lugarzinho que desgastava primeiro!

E pensar que eu reclamava em passar as tardes pós-longão com aquelas malditas bolsas de gel congeladas, amarradas no meu joelho, cronometrando o tempo de tira-e-poe. Como eu sinto falta disso!

Sinto falta daquele bronzeado lindo: umas 3 marcas de tops diferentes e umas duas de shorts…

Se eu desisti? Jamais! Você nunca me abandonou e eu nunca vou te abandonar! Você não me deixou enlouquecer. E eu pensava e penso em você todo dia!

Que bom que você não me rejeitou, não me jogou fora. Que bom que você sempre me aceitou de todo  e qualquer jeito. Que bom que você me aceitou de volta e me aceitou assim!

Te amo no asfalto, na grama, na terra, na areia, na pista…Te amo e sempre te amarei, minha querida CORRIDA!