Dani Nobile

3 anos de vida!!!

Eu queria achar outra música pra começar esse post, mas vou ter que usar a mesma do post de um ano atrás:

“É hooojeee o diiiiaaaaaaa, daaaa aaaaleegriiiaaaaaa”

Sim, hoje completo 3 anos de vida, de vida nova, da minha chance de recomeçar, de me reinventar!

Pra quem é novo por aqui:

Eu era assim

Aí eu fiquei assim

Agora eu sou assim!

Se eu disser pra vocês que foi tudo lindo, maravilhoso, perfeito, estarei mentindo! O começo, a adaptação à nova realidade, é muito difícil pra todo mundo. Tanto pra quem vai pra cadeira, quanto pra família.

No entanto, como eu sempre digo desde o início, eu escolhi viver e não só sobreviver. Eu simplesmente não quis ver a minha vida passar pela janela. Eu quis vivê-la!

Hoje, farei aqui confissões que nunca fiz a ninguém, além de Deus.

De quando sofri o acidente, e até hoje, meu maior sonho é voltar a andar, pra poder voltar a correr. Foi isso que me moveu e é isso que me move a cada dia. Estar ali nas provas, enquanto todo mundo corre, enquanto eu ouço as passadas dos outros corredores no asfalto, e eu me movo com os braços, não é fácil. Mas eu prefiro isso, do que não estar mais ali!

Quando mexi meu pé direito pela primeira vez, não escondi de ninguém. Eu estava com apenas 13 dias de acidente Foi uma mexida mínima, quase invisível, mas que me encheu de ânimo! E ali, naquela hora, pensei “Daqui um ano já estarei correndo de novo”.  Quando eu fiquei em pé pela primeira vez, sem precisar da órtese, mesmo que apoiada e apenas por 5 segundos, pensei “Daqui uns 6 meses eu estarei correndo de novo”. 3 anos se passaram e eu ainda estou aqui, na cadeira de rodas e sem correr. A perna direita responde a alguns movimentos, sem muita amplitude. Mas uma perna, um pouco fraca, não é suficiente pra andar. Eu preciso das duas. E a esquerda tá com preguiça de trabalhar hoje. Ela entrega atestado médico diariamente, já faz 3 anos! Tenho tentado fortalecer meu tronco. Pra frente e pra trás ta melhor. Mas pros lados, eu ainda pareço o João do Posto. E eu preciso do core todinho, pra poder andar. 

Então, há um tempo atrás, eu pensava que hoje, já estaria andando e correndo de novo. Mas não estou! Isso mostra que a paciência que eu tive que aprender a desenvolver nesse tempo, ainda não é suficiente. Eu tenho que ser ainda mais paciente!

Também me ensinou que não dá pra ter tudo na vida e nós temos que ser felizes com o que temos. Se eu sou feliz? Muito! E que convive comigo sabe disso! Eu entrei no liquidificar e saí, viva, inteira e pronta pra curtir a vida adoidado. Sabe aquele ditado besta “Deus disse: desce e arrasa”? Então, no meu caso, Deus disse “Sai desse monte de lata retorcida e vai ser feliz, minha filha!” Me considero feliz e vivo muito mais intensamente agora do que antes. Viajo mais, passeio mais, dou menos valor ao dinheiro e mais às experiências vividas, dou menos valor à aparência física (apesar de odiar minha barriga de tetra e minhas pernas moles, e uma mais grossa que a outra) e mais à saúde. Conheci muito mais gente, muitas pessoas legais que me ensinaram muito.

Eu enxergo muito mais os meus defeitos, e também levo alguns puxões de orelhas às vezes, sobre coisas que eu preciso melhorar. Mas eu tento sorrir mais pra vida! Mais do que eu já sorria! Meu apelido na época de corrida era Dani Sorriso. Engraçado é ver algumas pessoas hoje, novas na minha vida, me chamando da mesma forma, sem saber de nada do que aconteceu antes (vida pré-cadeira fica esquisito, né?!).

Eu costumo dizer que tristeza e depressão não resolvem problemas. Então, eu me permito ficar triste sim! Faz parte da vida. Mas não deixo que isso tome muito meu tempo, ou pior, que roube o meu tempo de outras coisas!

O fato de não andar não impediu que eu corresse atrás de alguns sonhos. Um deles foi, finalmente, entrar pro triathlon. E como triathlon é esporte de louco, eu entrei e fiquei e ninguém mais me tira de lá!hahahaha Foi a mesma coisa completar a prova de triathlon do que seria quando eu planejava completar andando? Não, não foi! Mas eu quis fazer, mesmo que fosse tudo diferente. E talvez tenha sido melhor, porque eu fiquei muito tempo esperando e pude curtir cada minutinho. E também, tinha muito mais gente torcendo pra eu conseguir, pelo menos, completar!hahaha

Foto para a Campanha Outubro Rosa desse ano

Uma das grandes frustrações da minha vida é não ter completado uma maratona com as pernas. Planejo fazer uma com a handbike? Mas é claro! Ia fazer esse ano, mas não tenho mais onde enfiar prova! A não ser que alguém saiba de alguma Maratona de Natal (se alguém souber, me avisa!). Num dos meus grupos de whatsapp, estamos eu e mais dois disputando pra ver quem chega vivo no final do ano, de tanta prova! Então, acho que a maratona com a hand vai ficar pro ano que vem. Mas, vai ser igual, fazer com a handbike do que seria com as pernas? Claro que não! Óbvio que não! O triathlon não foi e a maratona vai ser menos parecida ainda! Isso não quer dizer que não vou fazê-la. E também não quer dizer que eu viva sem esperanças. No dia do IronMan, postaram uma velhinha, de 89 anos que completou uma maratona. Eu olhei a foto e pensei “Nem que eu tiver 89 anos, eu vou completar uma maratona ‘andando’ “(pq eu quero é completar correndo, né?!).

E eu não desisti de buscar, caçar e perseguir meus outros sonhos.  Um deles é a handbike nova (se Deus quiser, vamos conseguir. Se você quer me ajudar, clica aqui http://www.kickante.com.br/campanhas/vem-com-dani-0 ) .  Outro é ter um carro, pra não depender de mais ninguém pra levar handbike, cadeira de atletismo, cadeira de rodas e eu, pras provas! Mas, tive que aprender que é uma coisa de cada vez. E como eu disse pra uma amiga hoje, nem tudo é nada hora que a gente quer! Tudo tem a hora certo, o tempo certo. Não o nosso tempo, mas o de Deus!

Eu ainda continuo com o mesmo pensamento sobre o tipo de vida que eu quero ter. Porque tem gente que não cria lembranças pra si mesmo. Eu quero uma vida cheinha de lembranças, de risadas, de bons momentos, eu quero uma vida colcha de retalhos, que a gente constrói aos poucos, vai costurando os pedacinhos, fura o dedo, a linha acaba, a gente pega outra de outra cor, para pra cortar mais retalhos, vai fazendo um pouquinho por dia, um pedacinho de cada vez. E nesses 3 anos, eu comecei a costurar a minha. Furei o dedo várias vezes, tive que trocar a linha várias vezes. Coloquei uns retalhos lá na barra, porque não quero olhar pra eles todos os dias. Mas não posso esquecer que eles existiram e olhar pra eles me faz lembrar o que aprendi. Mas o meinho da minha colcha, aquela parte que a gente olha todo dia quando vai deitar…aahh, esse ta coloridinho, cheeeeeio de pedacinhos vibrantes, bem vivos e alegres, do jeito que eu gosto! Do jeito que tem que ser!